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Pra quem não gosta de congelar, um alento

Prognóstico da Metsul aponta que junho, mesmo na reta final, deve ser o mês mais frio do ano no Estado; temperaturas no inverno devem ficar dentro da média histórica

Paulo Rossi -

web_pr5977Inverno começou oficialmente nesta quinta-feira, às 7h07min (Foto: Paulo Rossi)

A estação mais gelada do ano começou nesta quinta-feira (21), às 7h07min, com boa notícia a quem não gosta de estar debaixo dos agasalhos mais pesados. O junho - que está na reta final - tende a ser o mês mais frio no Rio Grande do Sul em 2018, embora o inverno ainda nem estivesse oficialmente aberto. O prognóstico é da Metsul Meteorologia, ao lembrar: desde a queda nos termômetros já foram registrados 15 dias com mínimas abaixo de zero no Estado.

A tendência é de que este inverno se caracterize por temperaturas mais perto dos padrões históricos, sem influência dos fenômenos El Niño e La Niña - ressalta a meteorologista Estael Sias. O julho, entretanto, não deve repetir o mesmo rigor de junho, mas não se iluda: pelo menos uma ou duas incursões de massas de ar polar fortes ainda devem congelar os gaúchos.

"As jornadas mais frias costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e que são responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelado para o Estado." E mais: quando o frio está acompanhado de ciclone potente, é comum a população ter de enfrentar vento Minuano, sensação térmica negativa, mínimas muito baixas, geada ampla e, em alguns casos, a neve; tão aguardada, em geral, por turistas e empresários do setor.

Quando o frio começa a perder força...
Agosto e setembro ainda devem ter dias frios, com períodos até gelados, mas o número de jornadas de temperatura amena ou de calor aumenta - adianta Estael. "Tradicionalmente, os dois meses registram dias de forte calor e, em 2018, não deve ser diferente."

E as chuvas?
Em geral, este inverno não deve ser muito chuvoso. O prognóstico, entretanto, indica grande variabilidade. Em algumas regiões do Estado há possibilidade de precipitações abaixo da média. O contrário também vale: em outras áreas, a estação poderá encerrar com chuvas próximas ou acima da média histórica. Uma diferença que pode ocorrer entre os municípios da própria Zona Sul - esclarece a meteorologista.

Saiba mais
Os riscos de temporal - As mudanças bruscas de temperatura, não raro, registradas entre agosto e setembro podem provocar temporais, com vento forte e granizo. O perigo cresce quando surge o fenômeno conhecido como corrente de jato de baixos níveis, que traz ar quente e vento Norte com forte intensidade antes da chuva. "Essas correntes de vento quente a cerca de 1,5 mil metros de altitude são comuns horas antes da chegada de frente fria intensa associada a um grande ciclone", explica.

São episódios que têm se repetido, ano após ano. Em casos mais extremos, há formação de tornados, como os que espalharam estragos e mortes no Norte do Rio Grande do Sul entre os dias 11 e 12 deste mês.

Lá em cima e lá embaixo - A história do clima gaúcho mostra que mesmo anos que não ficaram marcados como os mais gélidos, tiveram uma ou mais ondas de frio poderosas; até grandes nevadas, como em agosto de 1965. Em 2017, por exemplo, que teve a temperatura média muito acima da normal, o cenário de frio extremo também apareceu: uma massa de ar polar no começo da segunda quinzena de julho trouxe neve para o Sul do país.

Com olhar na agricultura
A expectativa de que o inverno de 2018 deve contar com temperaturas mais perto dos padrões históricos é favorável à agricultura, que se prepara para enfrentar a normalidade climática - lembra o engenheiro agrônomo da Emater, Evair Ehlert. O frio intenso também contribui à quebra dos ciclos de pragas, já que interrompe a proliferação de problemas, como as moscas das frutas, que há pouco atacaram pomares de laranjas e de bergamotas.

Nos pessegueiros, a fase é de poda e de limpeza. E, depois, é o momento de os produtores torcerem pelas horas regulares de frio. "Esse calor mais esticado, que ocorreu até o final de abril, começo de maio, mexeu com os pomares, trouxe flores a mais e um pêssego precoce, que é ruim", explica. Mas, claro, serão eliminados nesta etapa de limpeza.

Dentro dos planos
O frio intenso não precisa, necessariamente, ser visto como alto risco, mesmo entre as culturas mais sensíveis como as hortaliças, que se preparam para a estação com estufas e túneis baixos. Entre os produtores de leite e de gado de corte, a lógica também vale. Os agricultores já sabem os cuidados a adotar e recorrem às pastagens de inverno, como aveia e azevém, para garantir alimentação farta ao gado. Se algo sair dos planos, como é comum para quem vive do campo, há o complemento com silagem e ração. O mais complicado são as variações intensas de temperatura, que quebram com o planejamento dos produtores - reitera o engenheiro agrônomo.

As menores temperaturas registradas na cidade em junho nos últimos anos:

* 2010: 1,8ºC
* 2011: 0,9ºC
* 2012: -3,0ºC
* 2013: 3,8ºC
* 2014: 0,8ºC
* 2015: 2,2ºC
* 2016: 0,8ºC
* 2017: 2,6ºC
* 2018: 1,6ºC - dia 18

(*) Dados integram o acervo da Estação Agroclimatológica Embrapa-UFPel

 

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